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REPORTAGENS

De salto alto no gramado

  • Foto do escritor: Podium
    Podium
  • 5 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de nov. de 2018

O cenário do jornalismo esportivo pernambucano por décadas em sua história

era exclusivamente masculino. A predominância existia por conta do machismo

da sociedade porém, entre sapatos masculinos, surgiu em cena alguns saltos

altos e as mulheres passaram a ocupar também este espaço.


Imagem: Reprodução/Instagram

Autor(a): Pamela Melo

Uma dessas pioneiras é Kaline Bradley, 34 anos, nascida em Belo Jardim, Agreste de Pernambuco. Já na infância apaixonou-se pelo universo do telejornalismo, sonho que motivou o seu amor pela comunicação. “Quando era criança amava assistir televisão, ver os repórteres e apresentadores, tudo era um universo mágico e isso me impulsionou a escolher pelo jornalismo”, relata.


Ao mudar-se para a capital recifense ingressou no curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco. Com o intuito de levar boas notícias à população, Kaline teve o primeiro encontro com o jornalismo esportivo na rádio 102 FM, onde teve o privilégio de estagiar junto com grandes profissionais do jornalismo como Roberto Queiros, Ralph de Carvalho, Mané Queiros e “O Boris”. “Tinha o objetivo de me encontrar dentro da comunicação e, quando comecei a estagiar na 102 FM, foi uma experiência extraordinária. Lá trabalhava em um estúdio ao lado de grandes jornalistas, e sempre lia notinhas esportivas do jornal. De repente um dos apresentadores me chamou para fazer parte do programa O Bar da Bola”, diz.


Mesmo sem conhecer nada sobre a área do jornalismo esportivo, Kaline não se intimidou. Topou na hora fazer parte da equipe e tornou-se produtora do programa. Logo após foi chamada para trabalhar no canal 14 e nascia assim uma das primeiras apresentadoras de um programa exclusivamente esportivo. “Mesmo sendo muito verdinha, sempre prestei atenção nos repórteres e apresentadores. Todos os dias sempre andava com um radinho no ouvido, com o intuito de aprender a linguagem deles, e os artifícios usados na voz para diminuir o sotaque. Sempre amei o meu sotaque, mas a minha voz é direcionada a diversos públicos. Já na TV ficava atenta ao jeito de mexer com as mãos, o andar, a entonação da voz, até uma paradinha na frente das câmeras ou uma palavra com a pronuncia certa. Isso eu comecei a observar e treinar na frente do espelho”, lembra.


Agarrando com unhas e dentes a oportunidade de ser apresentadora, após quatro anos no canal 14, Kaline foi para a TV Universitária com o desafio de apresentar seu primeiro programa ao vivo. Depois de um ano, migrou para a TV jornal com o projeto do programa Show de Bola. “O desafio agora era fazer notícias diárias tornarem-se mais uma vez apresentadas nos sábados. Sempre tento sair do obvio em meu programa, inovar. Muitos programas ficam naquela mesmice do tradicional feijão com arroz”, relata.


Assédio:


Um medo ainda persegue as mulheres no jornalismo esportivo: o assédio sexual. Dentro e fora dos estádios, repórteres e apresentadoras estão sujeitas diariamente a piadas, frases de baixo calão, gestos obscenos e até toques indesejados. Campeonatos regionais, nacionais e mundiais são marcados por cenas de mulheres rebaixadas a objetos sexuais por uma parcela masculina não evoluída.


Kaline Bradley vivenciou na pele como o assédio é praticado dentro dos estádios. “Quando eu chegava para fazer o programa ao vivo, sempre escutava aquelas piadinhas de mal gosto: ´gostosa´, ´boazuda´, ´que jornalista delícia´. Me sentia incomodada com a situação, mas não me deixava abater, queria mostrar que era muito mais do que um corpo físico, que estava ali para apresentar meu potencial”, declara.


Para Kaline, a comunidade feminina consegue cada vez mais espaço não só no jornalismo mas em todas as áreas do esporte. “Vejo várias mulheres hoje que falam de futebol, apresentam, comentam e jogam. Temos uma mulher que foi seis vezes melhor jogadora do mundo. Esse preconceito é muito machista e nós mulheres conhecemos sim o futebol e podemos ser tudo que desejarmos”, garante.


Paixão:


Há mais de dez anos na área da comunicação, o jornalismo esportivo tornou-se uma paixão para Kaline. “O jornalismo é muito mais do que a minha profissão, mais do que meu ganha pão. É onde vou todos os dias para trabalhar feliz da vida, é o meio pelo qual consigo mostrar o meu trabalho, dando notícias para o telespectador e para o torcedor. É disso que eu vivo, não tem como não amar aquilo que você vive. Tenho a sorte de trabalhar no que eu gosto, de fazer o que eu gosto e sobreviver do que gosto”.

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