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REPORTAGENS

CRÔNICA: Abelhas em campo

  • Foto do escritor: Podium
    Podium
  • 23 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

Autor(a): El Hana Filipides


São seis horas da noite, a bilheteria já abriu e alguns ingressos começaram a ser recolhidos. O espetáculo está prestes a começar. Os espectadores são quase todos do mesmo time e sabem os hinos na ponta da língua. Quem vê de fora não imagina a tempestade de expectativas dentro de cada um.


Com os portões também abertos, alguns até arriscam mandar um passinho. A multidão avança pras arquibancadas, cada um no seu lugar, seja com fones de ouvido ou comentando sobre o tão glorioso hino. Uma experiência como essa, chega a ser única na vida.


No campo, o que separa a estrela dos torcedores é somente a sensação de que aquela noite vai ser inesquecível. O gramado verde é considerado sortudo por receber sobre si uma das figuras mais icônicas da atualidade.


O estádio fica pequeno quando as luzes começam a piscar. A multidão aos gritos, rasgando a pele de tanta emoção. Tudo o que se ouve no estádio é a batida de um só coração. O sentimento de realização é palpável naquele momento. Todos a postos, o show de emoções vai começar.


Elas entram em campo, enfileiradas. Cada uma com o seu uniforme reluzente, de causar inveja nos que estão assistindo. Todo mundo queria estar no lugar delas. O salto alto substitui a chuteira. O técnico apita. É dada a largada… E então ela entra.


A abelha rainha vem com o seu cetro, guiando o caminho para que o ballet feminino possa se destacar na coreografia perfeitamente ensaiada. Uma pista de led se ilumina, a música começa e é o momento exato para que todas entrem em formação.


O show segue e a emoção só aumenta a cada segundo. É impressionante que uma mulher de apenas 36 anos, com um histórico de lutas e conquistas presentes em cada uma de suas melodias, falando de amor, traição e recomeços, possa causar tamanha euforia capaz de lotar um estádio.


A sociedade cultiva o que é tradicionalmente dito pelo patriarcado. Meninos são geralmente induzidos a gostarem de futebol. Mas a vida de cada pessoa é guiada pelas suas próprias escolhas. Incentivados pelos valores tradicionais, o objeto de culto dos heterossexuais não difere muito do que é valorizado pelos gays. Com urros, provocações ou até mesmo arremesso de privada, eles seguem com essa doutrina de reverência a um dos esportes mais aclamados pela população brasileira: o futebol.


É necessário que haja no mundo um respeito capaz de fazer valer a pena ir à estádios. Seja para torcer loucamente por um time, ou admirar uma noite inteira de músicas e coreografias sincronizadas. Afinal, o futebol é para os héteros o que Beyoncé é para muitos gays.

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