CRÔNICA: Por que meninos como eu não gostam de futebol?
- Podium
- 21 de nov. de 2018
- 2 min de leitura

Autor(a): Luis Henrique
As chuteiras nos pés correndo atrás de uma bola nunca me interessou. Sempre senti o desconforto numa conversa com os meninos sobre o “grande esporte dos machos”. A necessidade de rotular os garotos à gostarem disso já vem desde o momento que descobrem o sexo do bebê. Pior estereótipo! Mesmo sendo quem sou, se eu fosse um hétero e não gostasse desse tipo de coisa eu seria menos macho?
Os estádios dos jogos nunca me atraiu. Quando era pequeno sempre via notícias de briga, desrespeito e machismo nesses lugares. E o pior nem é isso. Quando um time perde e sua torcida organizada vai fazer a baderna nas ruas, tudo fica um caos de violência. “Futebol só dá homem!” e é verdade. Mesmo que a sociedade esteja começando a mudar, a figura masculina sempre vai ser a dona desse contexto de grama verde com 22 seres atrás de uma coisa redonda para marcar os pontos.
O “goooooolll!!!” nunca me emocionou. Aquela vibração louca de um bando de gente gritando porque o ponto foi marcado jamais foi entendido pela minha pessoa como algo bonito. Enquanto eles balançam as bandeiras dos seus times por causa de um placar, eu balanço minha bandeira colorida por causa de várias LGBTfobias.
Ser do “País do Futebol” nunca me agradou. Aí que a coisa é mais forte! Essa simbologia claramente explica o grande machismo que existe no Brasil. Muitas agressões são causadas por homens que amam esse esporte. Eca! E essa frase ainda faz muitas pessoas esquecerem dos problemas de onde vivem, né? Chega a Copa e a cada quatro anos os cachorros raivosos abaixam suas orelhas para torcer por sua nação. É contagioso, parece um vírus. Todos entram nessa onda emocional de torcer porque é “importante”. Claramente o brasileiro é alienado e esquece de todos os problemas do universo.
Revolta? Deve ser, pois é apenas um esporte. Porém, um esporte com seus esteriótipos e público. De machos estufados de cerveja aos sarados de academia que vão aos estádios gritar “vai tomar no cu, seu viado/bicha” quando o jogador falha. Eu sou as gays, as bichas, as sapatão, as travestis e os viados que são xingados por pisarem no mesmo território dos ogros.
Pois é, uma baita construção cultural pra garotos como eu não gostar de futebol.
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