E-Sports são aliados no combate à depressão

Entenda como jogos online, que proporcionam interação entre usuários, podem auxiliar no tratamento contra o mal do século 21

Imagem: Reprodução/Facebook

Reportagem: Gustavo Henrique

É fato que o gênero E-Sports cresceu de forma notável e caiu nas graças do público mundial. Para quem ainda não conhece o termo, “E-Sports” significa “Esportes eletrônicos”, ou “Ciberesporte”. O mercado de jogos eletrônicos faturou, só no ano de 2017, 1,5 bilhões de dólares. Um dos games campeões em atrair jogadores é o League of Legends (LoL), com 84 milhões de players registrados mensalmente.

Imagem: LoL

O jogo já virou febre, inclusive, no Brasil. O Campeonato Brasileiro de League of Legendes (CBLoL) deste ano, entre os meses de junho e setembro, teve a equipe da KaBuM! sagrando-se campeã do torneio, em uma batalha de cinco partidas, contra a VivoKeyd. O estudante de publicidade Elton Novaes (20) acompanhou a partida em um bar na sua cidade natal, no Recife, e lembrou ter torcido pelo time vencedor na ocasião.

"Sou torcedor da CNB, mas como eles não conseguiram chegar à final, torci pela KaBuM! no dia. O bar legends estava lotado, muita gente vibrando a cada jogada, foi uma experiência incrível”, lembrou Elton, que além de fã do game e admirador dos jogadores profissionais, também joga entre amigos “Era bastante viciado há um tempo, entrava no computador de manhã e só saía de madrugada. Ficava sempre no Discord (Aplicativo semelhante ao Skype) em chamada com meus colegas jogando, minha mãe reclamava bastante comigo. Na visão dela, o jogo me trazia malefícios”, contou.

Em setembro do ano passado, Elton passou por um período de depressão. Havia acabado um relacionamento que durou três anos, desistiu do curso de direito e sofria com a pressão familiar na busca de uma nova escolha de graduação. “Ele estava muito mal. Não saía do quarto por semanas, só ficava no computador. Eu pensei ‘Meu Deus, o que está acontecendo? ’”, relembrou Dorva, mãe do estudante.

O LoL era para ele a opção para fuga da realidade, para entretenimento e, consequentemente, proporcionava ao mesmo um momento de prazer “Foi muito importante para minha recuperação pois ali sabia que tinha amigos, conversava com eles, interagia, ria, brincava. Consegui enxergar que ainda fazia sentido viver e a partir disso, resolvi começar o tratamento médico”.

Atualmente, Elton toma remédios controlados para depressão e ansiedade, é acompanhado por um psiquiatra e tem consultas semanais com uma psicóloga. Já voltou a realizar atividades rotineiras como ir para a faculdade, fazer atividades físicas e sair com os amigos no fim de semana.

“E já voltou a namorar também!”, entregou Dorva, aos risos. Hoje em dia ela analisa que o jogo auxiliou na recuperação do filho. “Atualmente consigo enxergar que durante o processo de tratamento foi importante ele jogar com os amigos, pois ele acabava não se sentindo só. De uma forma ou de outra, estava incluso em um meio social. Agora ele ainda joga, sendo que bem menos que antes, de forma mais saudável”, ponderou.

Para a psicóloga Izabel Santos, desde que jogado com intensidade moderada, os e-games podem sim reduzir ansiedade e ajudar no combate a depressão dos jogadores “Tudo é uma questão de equilíbrio. Às vezes, esses jogos são a válvula de escape de muitas pessoas, é ali que elas desestressam, colocam pra fora suas angústias, descarregam. Mas claro que não é saudável jogar o dia todo. Entre uma e duas horas por dia é o recomendado”, alertou Izabel.

Agora, Elton busca exatamente o equilíbrio. “Jogo quando tenho tempo livre, priorizo minhas atividades da faculdade, busco me exercitar e sempre estar perto dos meus amigos e da minha família. Continuo fã do LoL e fiz verdadeiras amizades por causa do game. Fico feliz pela minha recuperação e espero que as pessoas que passam por essa dificuldade, achem sua válvula de escape também, como eu achei”, declarou.

Pesquisa com jogadores de League of Legends (LoL)