Homofobia no Futebol
- Podium
- 23 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de out. de 2018

Autor(a): Tayná Chagas e Luis Henrique
O futebol nasceu há cerca de cinco mil anos na china, não o esporte que conhecemos hoje, digamos que um rascunho do que se tem agora. Naquela época, após as batalhas que o exército enfrentava, os guerreiros chineses jogavam utilizando a cabeça do inimigo como bola, era uma espécie de ritual para celebrar a vitória. O futebol contemporâneo veio da Grã Bretanha, no ano de 1863 o esporte começou a ser utilizado como ferramenta para a educação de jovens das escolas públicas. A partir desse momento essa prática começou a ser disseminada mundialmente. No Brasil, apareceu 1894, Charles Miller, um jovem brasileiro filho de ingleses, apresentou o jogo para os trabalhadores da ferrovia de sua família em São Paulo.
O futebol brasileiro tem seus estereótipos e, com eles, vem uma onda de preconceitos. Tradicionalmente, a figura do homem hétero cis é a que constrói o conhecimento que as pessoas têm sobre a modalidade. Essa cultura é carregada desde o momento em que as crianças entendem que “jogar bola é coisa de menino”.
Com isso, são carregados diversos preconceitos sobre as pessoas que não fazem parte desse padrão do esporte, como os LGBTQ+s. Essa emoção pelo futebol não faz parte dessa comunidade, pois eles(as) não se sentem aptos a praticarem e nem gostarem disso. E nos estádios, a presença de gritos é normal. Mas no momento de ofender, palavras LGBTfóbicas são as primeiras ditas pelos torcedores.
O primeiro jogador de futebol à assumir-se homossexual foi Justin Fashanu, de família nigeriana, jogava na Inglaterra, foi atacante de clubes como Norwich, Southampton, Manchester City e West Ham, mesmo sem intenção, acabou tornando-se um símbolo de libertação sexual. A orientação sexual de Justin o trouxe muitos problemas, tanto no esporte como na mídia, em 1998 ele foi acusado de abusar sexualmente de um garoto de 17 anos, após esse episódio, ele tirou a própria vida, deixando em sua carta de despedida um desabafo “ por ser gay, jamais serei julgado de forma justa”.
Vinte anos após a morte de Justin Fashanu, o tabu continua, mas felizmente está tornando-se cada vez mais frágil. Homens como Thomas Hitzlsperger, ex meio de campo alemão e Robbie Rogers, ex meia americano, anunciaram sua homossexualidade praticamente junto a sua aposentadoria, e , na maioria dos casos é assim que acontece, os atletas sentem-se obrigados a manter sua sexualidade em sigilo para não atrapalhar a carreira. No Brasil, Richarlyson Barbosa, assumiu sua homossexualidade em 2013, chegou até a anunciar sua aposentadoria em 2014, mas voltou atrás. O atleta fez parte de 9 clubes de futebol nacionais e de 2 internacionais, jogou pela seleção brasileira em 2008 e atualmente está sem clube.
Em entrevista para o Programa do Porchat, Richarlyson fala sobre o machismo e a homofobia nos campos “Isso até mudou um pouco, mas, infelizmente, a grande maioria dos torcedores são homens. Dificilmente, as mulheres não vão ter aquela mania de guardar dinheiro para assistir o jogo, e os homens não, as vezes eles tiram o dinheiro de casa pra assistir o jogo. Para eles é uma afronta, porque futebol é o que? É porrada, é voadora, então eles acham que gay não pode jogar futebol”, declarou Richarlyson. O estudante André Neves fala da dificuldade que encontra pra assistir e acompanhar jogos de futebol “eu gosto de assistir os jogos, gosto mesmo, sabe? Mas as pessoas sempre acham que por eu ser gay, eu to assistindo pra ficar olhando os jogadores, que eu não torço de verdade, como se gay não gostasse de esporte.”, contou André.
A figura feminina vem quebrando os padrões e mostrando que mulheres também entendem e podem jogar futebol. Mesmo assim, é notável a diferença de salários entre os gêneros e a construção inferior das mulheres sobre os homens. A Copa de 2018 foi exemplo de vários momentos machistas, como casos assédios às repórteres e torcedoras. Fora o fato do próprio país do evento não permitir assuntos envolvendo LGBTQ+s.
Comments