Esporte como ferramenta de inclusão
- Podium
- 19 de set. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de nov. de 2018
Atividades esportivas fazem toda a diferença no desenvolvimento e na saúde das pessoas que possuem alguma necessidade especial.

Reportagem: Raiedilly Silva
e Julianne Mendonça.
“Eu tenho osteogênese imperfeita, ossos de vidro, já tive 22 fraturas por todo o corpo. Quando tinha 7 anos tive que parar a fisioterapia, porque era muito cara e o governo me deixava na fila de espera. A natação me achou e mudou minha vida, ela me ajudou muito na respiração, nos músculos e na saúde física. A natação me proporcionou uma liberdade que a terra nunca me disponibilizou”, conta a Pamela Melo, 21 anos.

A prática de esportes é capaz de mudar a vida de milhares de pessoas, como a estudante Pâmela Melo, ela é fundamental para saúde e bem-estar do ser humano, independentemente se possui algum tipo de deficiência ou não. Na infância e adolescência essas atividades ganham uma importância maior. “No momento em que a criança inicia a prática esportiva, ela aprende valores fundamentais como a autoconfiança, o trabalho em equipe e o respeito pelas outras pessoas”, explica a psicopedagoga Ana Claudia. O esporte possui um grande potencial de socializar indivíduos das mais diferentes classes, religiões, gêneros, entre outras diferenças e coopera no processo de inclusão social
O Brasil possui mais de 45 milhões de Pessoas com Deficiência (PCDs), o que representa cerca de 24% da população, conforme o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As deficiências mais frequentes são visuais, físicas e auditivas, mas ter alguma limitação, no entanto, não é motivo para deixar de se movimentar. Confira a seguir.
“Para a criança com deficiência, o esporte ajuda no desenvolvimento e no processo de aprendizagem, porque ela enxerga suas capacidades e se valoriza. Além disso, a prática de exercício libera serotonina e dopamina, que dão sensação de prazer e ajudam a diminuir quadros depressivos”, comenta a psicopedagoga Ana Claudia. Veja outros benefícios e os esportes mais praticados pelos deficientes :
No Recife, embora exista projetos sociais voltados para esse público, o número ainda não alcança todos. “Nosso Estado tem um grande problema no que diz respeito a projetos de esportes voltados para pessoas com alguma deficiência, é muito raro encontrar um”, explica Pâmela. Na contramão dessa realidade está o projeto ‘Atletismo Campeão’, que está prestes a completar 30 anos mas, há apenas seis meses, o técnico e professor de educação física, Abraão Nascimento (49), sentiu a necessidade de incluir crianças e adolescentes com deficiência física nas práticas esportivas.
Além de identificar e formar novos atletas, a iniciativa visa formar e inserir os alunos como cidadãos, de igual para igual. Atualmente, a ação acontece em Boa Viagem, no Centro de Esporte, Lazer e Cultura Alberto Santos Dumont, na praça do Jiquiá e na Macaxeira. Ao todo são 11 municípios abrigando o projeto, do litoral ao Sertão pernambucano.
Segundo o idealizador, o projeto procura incluir as crianças no mundo esportivo. “Temos aqui a corrida de rua, a corrida universitária e a ação para deficientes”, conta. Ainda segundo o técnico, o foco da iniciativa é colocar os atletas em igualdade com os demais.
Para que isso seja possível, a ação conta com apoio do poder público e da iniciativa privada e está ligada à aprovação pela Associação de Apoio à Pessoa Portadora de Deficiência junto à lei de incentivo ao esporte do Governo de Pernambuco. “A Secretaria de Esportes aprovou nossa ação no final de 2017 e temos atualmente o apoio da Copergás. Em 2019, teremos os jogos escolares e queremos que nossos atletas integrem a seleção estadual”, conta, empolgado, Abraão.

Infelizmente, muitos dos projetos sociais voltados para pessoas com necessidades especiais fecham as portas por falta de verba, estrutura e mão de obra. É o caso do “Para mais olímpicos de Pernambuco”, que surgiu a partir da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) em parceria com o Nirvana Archery Club. O projeto, acreditando no engajamento e empreendedorismo, buscava dar força e visibilidade a atletas paraolímpicos. Embora fosse de grande importância para o desenvolvimento físico e social, o projeto encerrou suas atividades no primeiro ano de existência.


“Vivemos momentos que cada dia fica mais difícil despertar a compaixão nas pessoas, encontrar pessoas que se envolvam, que queiram participar e que levante os olhos além do seu próprio umbigo. Quando você percebe que pode ser útil, ajudar alguém, a vida começa a fazer um sentido danado, infelizmente não conseguimos seguir com o projeto, mas como eu digo: se eu puder ajudar pelo menos um desses meninos, já me sentirei realizada. ” Explica Cris Souza, fundadora do projeto.
O arco e flecha é apenas um dos esportes que funcionam como agente de inclusão e desenvolvimento para as crianças. O esporte é um gancho proporcionador da liberdade para essas pessoas que por vezes, sentem-se excluídas da sociedade.
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