O futebol e as crianças: as escolinhas infantis como caminho para desenvolver a prática
- Podium
- 19 de nov. de 2018
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Por Isabelle Barbosa
O futebol rapidamente se tornou paixão para os brasileiros que frequentemente referem-se ao país como "a pátria de chuteiras" ou o "país do futebol". Segundo pesquisa divulgada no último ano pela Fundação Getúlio Vargas, o futebol movimenta mundialmente R$ 16 bilhões por ano, tem trinta milhões de praticantes (aproximadamente 16% da população total), 800 clubes, 13 mil times amadores e 11 mil atletas federados. Essa paixão atrai cada vez mais crianças e adolescentes a se inscrevem em escolas de futebol com o sonho de se tornarem grandes estrelas.
Diante da grande procura, instituições investem cada vez mais em tecnologia e estrutura para o aprendizado e o aperfeiçoamento da prática esportiva para os pequenos, oferecendo também acompanhamento de médicos e fisioterapeutas. Na escola, além das técnicas e das habilidades, as crianças também aprendem a trabalhar em grupo, promovendo a integração e a sociabilização.
Para o educador físico Mateus Oliveira, a primeira preocupação dos pais deve ser com o bem-estar dos filhos. “A prática esportiva está ligada diretamente aos cuidados com a saúde e a diversão. O futebol, por exemplo, além de ser um excelente entretenimento, evita problemas como a obesidade infantil”, afirmou. Ainda segundo ele, a idade mais indicada para matricular uma criança na escolinha de futebol é a partir dos cinco anos.
“Uma das vantagens de começar cedo é que as crianças terão a oportunidade de desenvolver as técnicas de maneira mais completa e perceber, aos poucos, em quais posições se sentem mais à vontade para jogar”, destaca o especialista.
Para que as crianças consigam se desenvolver, as escolas treinam grupos divididos pelas diferentes idades. À medida que as crianças começam a superar-se nos treinamentos e vão crescendo, passam ao seguinte grupo e terão que praticar o futebol mais vezes por semana. “Aos 8 ou 10 anos de idade, as crianças começam a competir em campo e a treinar três vezes por semana, no mínimo”, comenta Mateus.
Segundo o treinador Marcos Silva, é muito comum que, dentro e fora de campo, crianças e adolescentes questionem as regras, e aí o futebol dá outra oportunidade: a de formar cidadãos críticos. “Quanto mais eles participam da construção das regras, quanto mais questionam e entendem o porquê de o jogo ser como é, mais comprometidos ficam em cumprir o combinado”, diz Marcos. Isso também vale na hora de os pais estabelecerem limites em casa. “É preciso explicar para que os filhos compreendam que as negativas não são apenas autoritárias, mas formas de ampliar a liberdade e as possibilidades de ação. O goleiro não pode segurar a bola com a mão para não atrasar a partida. Essa é uma estratégia para que o jogo fique ágil”, argumenta.
Esse ambiente auxilia crianças e adolescentes a aprenderem como resolver as questões em grupo. “Aos 5 anos, numa brincadeira, descobri que era bom de bola”, diz João Andrade, 12 anos, aluno da Escola de Futebol HS Esportes. Ele tinha agilidade no jogo e foi pegando gosto. Aos 7, começou a praticar futebol de salão e já obteve muitas vitórias. “Sou meio de campo, mas curto o processo todo, o drible, os passes, o ataque, o gol. E foi nessa prática, trocando de lugar, que entendi a força do grupo. Preciso dos outros para alcançar meus objetivos, não dá pra conseguir tudo sozinho”, afirmou.
Na vida do educador Luiz César Silva, o futebol é mais que um esporte. Ele aprendeu a respeitar as regras, a colocar seu corpo em movimento e a lidar com frustrações batendo bola nos campinhos do bairro do Curado II, em Jaboatão dos Guararapes. “O futebol tem o poder de transformar pessoas e torná-las mais fortes para enfrentar a vida. Comigo foi assim, e tenho provas disso todos os dias. Jogando a gente se entende”, contou.
O jogo não é um privilégio, mas um direito fundamental das crianças, de acordo com a Convenção dos Direitos da Criança e o futebol desempenha um importante papel na preservação desse direito infantil.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children's Fund – Unidef), reconhece que o futebol é um instrumento educativo valioso que pode ajudar as crianças a superarem traumas e frustrações. A instituição utiliza o futebol de muitas formas e em muitos países para educar as crianças em suas relações com os demais, a diverti-las, a protegê-las da violência, dos abusos, e de outros males, além de conscientizá-las sobre doenças, por exemplo.
O educador físico reuniu oito benefícios de colocar as crianças em uma escolinha de futebol:
O educador físico lembra ainda que toda atividade física, principalmente para as crianças, deve ser acompanhada de um profissional. “Os pais têm o direito de solicitar a formação acadêmica dos instrutores das escolinhas de futebol. Somente um profissional de educação física saberá respeitar os limites e características de cada criança, fazendo com que elas possam aproveitar ao máximo os benefícios do esporte”, ressalta.
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