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REPORTAGENS

Transviver

  • Foto do escritor: Podium
    Podium
  • 29 de nov. de 2018
  • 2 min de leitura

Entrevista com Regina Guimarães, Guilherme Henrique, Aislan Victor e Julia Cesar sobre o projeto Transviver.

Autor(a): El Hana Filipides e Lara Salviano



Crônica especial:


Hoje é domingo, dia de futebol para muitos. Podia até ser um amistoso antes do jogo decisivo. Ou mesmo apenas um treino normal, como é nesse caso. Mas esse time está apenas começando. Os meninos têm sonhos grandiosos, cada um quer ser o seu próprio Pelé. Eles trocaram o gramado pela quadra. Na verdade não tinham outra opção. O que eles querem mesmo é o tão esperado futuro brilhante dos grandes astros do futebol brasileiro.


Diferentemente de um Neymar da vida, eles não contam com a ajuda de patrocinadores. Muitos nem dinheiro pra se deslocar têm. Às vezes chegam com os pés calejados por conta das longas caminhadas até a quadra. Quem salva as suas vidas é uma figura que todos chamam amorosamente de Mama. Ela é quem aluga a quadra, investe neles e alimenta a esperança que cada um tem para construir essa carreira no esporte. E, para Mama, todos são filhos da luta. Luta essa que mata muitos como eles todos os dias.


Para chegar onde estão, alguns enfrentaram sérios problemas de depressão. Hoje contam as histórias de superação como quem nasceu de novo. E de fato nasceram. Os corpos antes lidos pela sociedade como femininos, hoje abrigam homens com muito empenho e determinação para dar importância à visibilidade trans. Alguns estão no começo da terapia hormonal, outros já estão nela há anos. Mas o que os equipara é a força de vontade para correrem atrás dos sonhos e se sentirem inseridos na sociedade.


O Transviver é um time só de homens trans, que surgiu justamente da necessidade de alimentar esperanças e de valorizar a vivência social de cada um deles. Matar um dragão por dia é fichinha perto de quem já chegou a enxergar a morte como única opção. E sobreviveram, até hoje. Eles podem não ter tanto talento, por exemplo, mas habilidade para se superar é o que não falta.


Ser trans vai muito além de hormônio e nome social. As travestis lutaram e lutam ainda hoje para serem reconhecidas longe do ambiente da prostituição. O Transgender Adolescent Suicide Behavior, pesquisa sobre o comportamento Suicida de Adolescentes Trans, do Professor Russel B. Toomey, apontou que 50,8% dos homens trans já tentaram se matar. São casos alarmantes e que dizem muito sobre a maneira como a sociedade lida com os corpos trans.


O mundo precisa discutir sobre a saúde mental dessas pessoas. O fato desses meninos terem encontrado no futebol, um esporte bastante machista, uma válvula de escape para tais problemas sociais, diz muito sobre o futuro do país. Alimenta a esperança de que um dia as oportunidades sejam equivalentes para todos, independentemente da identidade de gênero. Afinal, nos gramados, a nação pulsa um só coração, que não escolhe raça, sexo ou gênero. A escolha é vencer. E se conquistarmos o verdadeiro respeito, aí sim seremos, de fato, vitoriosos.

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